Home > Divulgação > Mito #1: “O problema das drogas é a dependência”

Existem mitos acerca das drogas, consumos e dependências, Neste mês de Março, vamos tentar ir desconstruindo algumas destas ideias. Hoje começamos pelo mito de que “o problema das drogas é a dependência”.

O problema das drogas não é a dependência mas sim o desejo.

Estamos habituados a olhar para o consumo compulsivo de drogas ou de outras substâncias como um problema da dependência que essas substâncias causam mas antes de mais trata-se de um problema de prazer e de desejo. Quando consumimos uma droga que provoca prazer, precisamos de saber que:

A estimulação que as drogas provocam no nosso cérebro é 5 a 10 vezes superior à estimulação que experimentamos com os incentivos normais. Por exemplo, se estamos a sentir prazer por estar a dançar sob o efeito de uma substância, quer dizer que essa substância está a estimular o prazer no nosso cérebro, 5 a 10 vezes mais do que se estivéssemos sem o efeito da substância. Quando o cérebro voltar a procurar esse prazer sem utilizar a droga, irá ter muita dificuldade em considerar-se suficientemente estimulado.

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O consumo reduz a capacidade de ter prazer

O prazer da droga, devido ao seu poder de estimulação, reduz a capacidade para sentir outros prazeres quotidianos. Por exemplo se os amigos se encontram para fumar uma droga que provoca uma grande vontade de rir, aumentando o prazer do momento, pode ser difícil sentir a mesma vontade de rir noutros momentos de encontro sem a droga, como é o caso do encontro com a família, ou com os mesmos amigos em situações diferentes, amigos que vemos menos vezes, ou ainda com novos amigos que possamos vir a conhecer.

A lembrança que conservamos do prazer experimentado por uma substância invade todos os campos da nossa memória, ganhando um papel relevante que não se dissipa facilmente. Quer isto dizer que para as pessoas que consomem drogas, pensar em atividades que lhes possa provocar prazer passa a ser uma missão programada para voltar a sentir, não um prazer qualquer, mas apenas aquele que, através da droga, lhes fez sentir tão extraordinariamente bem com elas próprias.

Se nos treinarmos nos pequenos prazeres e na capacidade para aceitarmos estados “mais ou menos”, adiando por uns momentos a necessidade imediata de prazer, confiando na nossa espontaneidade, podemos evitar essa visão de nós próprios tão limitada de esperança.

 

Por Francisco Gonçalves Ferreira