Quem não conhece “pais helicóptero”?
Os pais helicóptero são mães e pais que pairam sobre a sua prole, protegendo e controlando cada aspecto do dia-a-dia dos seus filhos. Por oposição, há os pais muito liberais, que deixam os filhos agir livremente, ao sabor do vento, na esperança que estes aprendam com os seus próprios erros.
Qual o real impacto que o comportamento parental pode ter nos filhos?
A superprotecção magoa mais que um joelho arranhado?
A parentalidade é um processo complexo, que não vem com manual de instruções. Ao longo das várias fases de desenvolvimento dos filhos, as figuras parentais têm dúvidas e receios naturais, particularmente quanto ao nível adequado e saudável de presença, tempo e supervisão aos filhos: “Devo ajudar o meu filho a fazer os trabalhos de casa?”; “Será que já pode ir sozinho para a escola?”; “Já posso deixá-lo sair à noite com os amigos?”; “Devo controlar o que vê (e faz) na internet?”.
Não existem respostas lineares para cada questão, muito menos fórmulas mágicas para uma parentalidade perfeita. No entanto, consideramos que o meio-termo é a palavra-chave. Mas o que é o meio-termo nas práticas parentais?
É importante que os pais dediquem tempo aos seus filhos, ajudem nas tarefas diárias, falem sobre problemas, incentivem, demonstrem afecto e supervisionem. Porém, devem reconhecer e aceitar as limitações da sua capacidade para assegurar a segurança, o sucesso e a felicidade dos seus filhos a 100%, 24h por dia. Não é possível, nem desejável, colocar os filhos em redomas de vidro e eliminar todos os riscos e sofrimentos possíveis e imaginários. Os riscos devem ser controlados e minimizados. Contudo, a criança ou adolescente não deve ser privada de experiências que podem ser relevantes para o seu bom desenvolvimento e para a sua autonomização.
Qual o pai ou mãe que nunca experienciou angústia perante a tristeza e frustração de um filho? Um exercício de matemática que não consegue ser resolvido ou uma negativa que teima em chegar. Perante tal dificuldade, fazer os trabalhos de casa do seu filho será opção? Por mais difícil que seja gerir este tipo de sentimentos, é importante que a criança ou adolescente experiencie e aprenda a lidar com sentimento “menos agradáveis”, como a frustração. Isso vai permitir que, no futuro, seja capaz de responder (de uma melhor forma) aos desafios da idade adulta. Quem não lida com a frustração ao longo do desenvolvimento infantil pode ter, em adulto, acrescida dificuldade em arranjar estratégias adequadas de lidar com a frustração inerente à vida adulta quotidiana.
O significado e os efeitos das práticas parentais mudam à medida que a idade da criança ou adolescente avança. O acompanhamento e supervisão que é necessária para garantir a segurança de um bebé, por exemplo, é inapropriada para um adolescente.
Acima de tudo, identifique as necessidades de proximidade e de autonomia do seu filho/a e procure o equilíbrio!
A Associação Casa Estrela do Mar desenvolve diferentes tipos de intervenção na área da parentalidade: aconselhamento e acompanhamento psicológico individual; acções de formação e workshops; a terapia familiar e conjugal; educação parental; entre outros. Contacte-nos.
Por Joana Vilhena