Home > A Associação > Ana e as Pessoas – Uma Professora à beira de um ataque de nervos! 8ª Crónica (Vida própria)

03.02.2015

“- Oh Stôra, no sábado fomos ao Bairro Alto e estava lá uma pessoa que parecia mesmo a professora. Estava com um copo na mão e aos saltos, nós ainda pensámos em ir, lá, mas depois a pessoa começou a dançar e a rir muito alto na rua e nós pensámos: aquela não pode ser a professora…mas parecia mesmo…”

Foi com esta conversa que há uns anos uns alunos começaram a falar comigo, na altura não confirmei nem desmenti, limitei-me a dizer “pois…”. Não vou revelar se era eu ou não, isso fica à imaginação de cada um, mas o interessante desta conversa é as pessoas a quem eu dou aulas terem assumido imediatamente que não podia ser eu.

Em aula, uma vez surgiu uma conversa parecida e havia um aluno que me dizia: “oh stôra, a stôra não pode sair à noite, imagine que eu a encontro, vai deixar de ter credibilidade para mim”, também há os que dizem, a maior parte, que adorariam encontrar-me, tendo uma vez um dito: “assim sabíamos que a stôra era tipo humana, está a ver…”.

Esta questão de como os alunos nos vêem é bastante interessante, porque dependendo do aluno acho que eles encontram algum conforto em pensar que nós somos tão diferentes deles que não podemos ter vida própria, acho que em muitos dos casos eles nos imaginam na escola e que depois das aulas vamos para casa ver testes ou trabalhos a noite toda e que ficamos ali a um canto sozinhos esperando ansiosamente pelo dia seguinte em que vamos para as aulas outra vez…

É um equilíbrio difícil, mais uma das tantas questões complicadas desta profissão, afinal, o que podemos partilhar com os nossos alunos? Qual é a fronteira do que eles podem e devem ou não saber?

Mais uma vez eu opto pelo bom senso e é ele que me vai guiando melhor ou pior nestas questões.

Até 3ª

Pessoa Ana

*os factos apresentados não são fictícios, mas qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.