09.06.2015
Hoje vou continuar a minha saga de tentar perceber como é que nós chegamos a este ponto de os nossos alunos não perceberem regras simples, daquelas mesmo básicas de sala de aula.
Um dia destes lá estava eu a dar a minha aulinha, quando a meio da minha explicação, note-se que as criaturas não esperaram pelo final da aula, nem por um momento morto, a meio da minha explicação oiço uma voz lá do fundo:
-Stôra, podemos sair mais cedo?
Eu parei, tentei perceber o que se estava a passar e perguntei:
-Porque é que vocês haveriam de sair mais cedo?
Pensando que me tinha esquecido de algum acontecimento que estivesse a acontecer na escola, ou promessa que lhes tivesse feito…
– E porque é que não haveríamos de sair?
– Mas há algum motivo especial? – Perguntei eu ainda a pensar no que me poderia estar a escapar.
– Não, mas se não há motivos para sairmos mais cedo, também não há motivos para não sairmos, certo?
Confesso que foram poucas as vezes que fiquei sem reação numa aula, sou do Teatro e isso ajudou-me muito a saber improvisar, pelo que raramente me falta a resposta, mas desta vez faltou…fiquei a olhar para o aluno e a pensar para mim: por onde é que eu começo? Se eles não compreendem isto, uma coisa tão básica, como é que podemos querer que eles compreendam outras coisas?
É claro que sei que neste caso específico, foi uma estratégia de desmobilização da aula, a que eu respondi com um: se quiseres, és livre de sair já…e a coisa resolveu-se.
Mas não deixa de ser importante refletirmos: porque é que nós estamos a responder a estas perguntas? O que é que não fica interiorizado, ou se des-interioriza (palavra inventada por mim) ao longo do caminho, para termos de voltar a explicar conceitos tão básicos como porque é que não posso dormir, ou porque é que não podemos sair mais cedo da aula…
Pensemos, que as férias de verão estão aí e já que os alunos nunca saem da nossa cabeça de qualquer forma, que seja para refletirmos sobre estas coisas.
Até 3ª!
Pessoa Ana
*os factos apresentados não são fictícios mas qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.