16.06.2015
Finalmente chegou o momento por que todos os professores anseiam, o momento em que a escola fica sem alunos! Wohou!
Hoje cheguei à escola e senti o silêncio dos corredores, houve ali uma hora de grande felicidade. Depois de tanto tempo a ansiar aquele momento, a pensar: “eu já não os aguento…” ou “se estes miúdos não se vão embora, alguma desgraça acontece!”, finalmente a escola sossegada.
Parei, olhei para uma das salas vazias, sorri e desatei a sentir qualquer coisa parecida com uma espécie de ansiedade estranha que não conseguia controlar, lágrimas nos olhos… “o que se passa contigo Ana?” pensei eu muito aflita! “Se calhar estás doente…” parei de novo, olhei para a sala, pensei nos meus alunos e de repente percebi frustrada e irritadíssima comigo mesma, o que sentia não era alívio, era um estranho vazio que só se pode designar de saudade…
Passei um ano a desejar este momento para agora não saber bem o que fazer com ele…a preocupação a matar-me… “será que eles estão bem?”, “será que se vão colocar em apuros nas férias?”, “é tanto tempo na vida adolescente, será que vão chegar mudados?”. Apeteceu-me, imbuída naquele espírito ligar-lhes a todos a perguntar se estavam bem e a dizer que se precisassem de alguma coisa, que dissessem… e continuava a pensar: “será que lhes devia dar aquele conselho, só mais um mesmo que fosse para eles não ouvirem…”.
E por mais que tentasse só me conseguia lembrar das coisas engraçadas que eles fizeram, disseram, das vezes que lhes consegui chegar, das vitórias que alcançámos. Não me consegui lembrar de nada de negativo para me proteger daquela fragilidade parva que sentia.
Tive a consciência que seria passageiro, que com tempo me ia habituar às férias e que certamente dentro de uma semana, estaria curada deste inexplicável sentimento.
Nisto, voltei a parar e desatei a rir que nem uma perdida…pela quantidade de barbaridades que estava a pensar, pela minha figura ridícula ali em frente a uma sala vazia meio a chorar, por ter escolhido esta profissão, este raio de profissão em que durante dez meses nos desgastamos, cansamos, passamos, enlouquecemos e que mesmo assim, quando nos faltam as nossas Pessoas, ficamos assim perdidos, meio sem rumo, porque apercebemo-nos que essas Pessoas fazem-nos muita falta ao coração…
Até uma 3ª qualquer de setembro porque eu preciso de férias!
Pessoa Ana
*os factos apresentados não são fictícios mas qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.