No meu dia a dia, sou obrigada a concluir que todos os adolescentes têm grande queda para as artes dramáticas.

Em que é que me apoio para chegar a estas conclusões? Pois bem, colocarei a argumentação por pontos:

1. Capacidade dramática ligada a questões de condicionamentos físicos e/ou problemas de saúde – vejamos os exemplos práticos:

“Oh stôra, tenho mesmo de ir à casa de banho a meio da aula, senão vou rebentar, é que não aguento mesmo…”;

“Oh stôra, é que não consigo por-me para cima mesmo, não estou a aguentar”;

“Oh stôra, a sério, tenho de estar mesmo assim deitado(a) na cadeira porque só assim não me doem as costas”;

“Oh stôra, não consigo ir mais depressa para a aula, tenho um problema aqui numa perna (ou pé, ou joelho, ou outra parte dos membros inferiores)”.

2. Capacidade dramática ligada ao sentimento de injustiça – vejamos os exemplos práticos:

“Oh stôra, não fui eu!”;

“Oh stôra, até fui eu, mas foi só desta vez, não acha injusto?”

“Oh stôra, mas eu não ouvi porque estava aqui atenta a uma coisa muito importante…”

3. Capacidade dramática ligada à urgência:

“Oh stôra, é a minha mãe, é que ela nunca me liga…”

“Oh stôra, tenho mesmo de atender esta chamada mesmo muito urgente!”

“Oh stôra, hoje tenho mesmo de sair mais cedo senão só tenho transporte daqui a cinco horas…”

Agora perguntam vocês, como é que eu sei que é a capacidade dramática dos meus alunos a falar e não a realidade? Pois bem, para além de ser do teatro, o que ajuda a identificar estas questões, o que é facto é que depois de confrontar qualquer uma das solicitações ou afirmações, os meus alunos, não rebentam, aguentam por-se para cima, conseguem suportar as dores, percebem que se calhar não é injusto, etc, etc, etc…

Concluo a crónica de hoje a dizer que todos os alunos adolescentes são exímios atores em potência!

Até 3ª feira dia 03.11.2015

Pessoa Ana

*os factos apresentados não são fictícios mas qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.

*este ano letivo as crónicas são quinzenais.